Por Ariane do Carmo Silva
O dia 13 de maio não se constitui como uma data que marca a liberdade do povo negro diante do fim da prática desumana de escravização de pessoas, mas sim um ato tardio de liberdade utópica com a retirada do direito de propriedade de uma pessoa sobre outra.
A abolição inacabada teve motivações econômicas e trouxe a falta de acesso a políticas públicas que auxiliassem na integração destes libertos à sociedade, negando direitos básicos que lhes garantissem o mínimo necessário para a sobrevivência, mantendo-os dessa forma em uma condição de subalternidade e exploração.
Na atualidade, deparamo-nos com a discussão sobre a permanência do trabalho escravo no país, situação que o Brasil reconhece perante a comunidade internacional desde 1995 ¹, tendo somente no ano de 2021 o resgate de 1937 trabalhadores em condições análogas à escravidão ², de acordo com os dados divulgados pela Secretaria de Inspeção do Trabalho.
Falamos não só do dia 14 de maio, data seguinte à abolição, mas também dos dias atuais, passados 134 anos da abolição. A data marca um acontecimento de grande importância para a história do Brasil.
No entanto, as condições de igualdade buscadas à época pelos abolicionistas Luiz Gama, André Rebouças e José do Patrocínio permanecem em discussão diante de um problema histórico de impactos em diversas áreas da sociedade, com efeitos ainda não superados, visto a existência de uma estrutura de exclusão social que impede a concretização de uma cidadania plena.