Dia do Advogado: Entrevista com Marcio Bonilha

Neste Dia do Advogado, entrevistamos nosso sócio e desembargador aposentado do TJ/SP Marcio Bonilha sobre a situação atual e o futuro da profissão:

1. Você possui uma longa carreira, atuando durante décadas como magistrado e como advogado. De que forma a profissão de advogado mudou desde o início da sua trajetória profissional até os dias de hoje?

Nos últimos tempos, desde o início da minha vida profissional, de um modo geral, todas as atividades desempenhadas pelos profissionais do Direito tiveram profundas alterações, especialmente com a evolução da tecnologia e o desenvolvimento da internet, que influenciaram os sistemas de trabalho. A profissão de Advogado sofreu sensível mudança, exigindo novas adaptações e ajustamento à realidade, na dinâmica de sua atuação. Transformou-se de agente individual à componente de grupo, com a desejada e indispensável especialização na área jurídica.

 

2. A pandemia de Covid-19 afetou os ambientes de trabalho de praticamente todas as profissões. Na advocacia, em especial, popularizaram-se o teletrabalho e as teleaudiências. Como você analisa essas mudanças no trabalho dos advogados? São irreversíveis ou são temporárias?

Com a pandemia em curso, sem previsão de extinção, as inovações instauradas terão longa vida. As adaptações introduzidas, decorrente da Covid-19, exigiram elogiosos avanços tecnológicos, permitindo a participação de reuniões, realização de audiências e julgamentos virtuais, com positiva economia de tempo e eliminação de despesas. Estou convencido que essas mudanças são irreversíveis.

 

3. Cada vez mais advogados e escritórios utilizam softwares de gestão de processo ou jurimetria, e novas tecnologias não param de ser desenvolvidas. De que maneira você acha que a tecnologia está mudando a advocacia? Os advogados do futuro serão muito diferentes dos atuais?

A tecnologia evolui em progresso notável e afeta substancialmente a advocacia, a que está ligada indissoluvelmente.
As ferramentas tecnológicas na gestão de processos, ou a chamada jurimetria são recursos de administração analíticas que auxiliam na previsão de resultados e indicação de probabilidades e valores envolvidos nestas análises. São instrumentos que já integram o mundo jurídico, sobretudo para demandas repetitivas ou reiteradas. Ressalvo que tais ferramentas são importantes, mas cabe ainda destacar o lado humano, tanto que caberá ao bom Advogado, dotado de raciocínio jurídico e competência, o melhor aproveitamento dessas técnicas

 

4. Pela sua experiência, quais qualidades são indispensáveis para um bom advogado? E quais falhas devem ser evitadas?

Qualidades exigidas: Capacidade profissional. Estudo permanente. Respeito ético. Conduta honesta. Devoção ao Direito e à Justiça. Pontualidade. Vigilância.
Falhas a serem evitadas: Irresponsabilidade. Inobservância de prazos processuais. Desrespeito às partes, promotores, magistrados, defensores e clientes. Arrogância.

 

5. Você tem algum recado ou alguma dica para os advogados que estão começando suas carreiras? Qual?

Para os Advogados que estão começando minha dica é equacionar, equilibrar e conjugar a paciência com a determinação.
Mais um lembrete:
Não perder o ideal; não ceder à ambição que afronte o Direito e a Justiça e praticar o bem, guardando os princípios eternos e as virtudes morais.