Debêntures ganham espaço na carteira de investimentos.
Alta no número de investidores foi de 28% no último ano ante 12% de aumento de pessoas físicas em CDBs
As debêntures, instrumento utilizado por empresas para captar recursos no mercado de capitais, estão ganhando mais espaço na carteira de investimento das pessoas físicas. Conforme os dados da B3, no fechamento de 2023, o estoque de pessoas físicas em debêntures chegou a R$ 119,9 bilhões, superando em 23,98% o registrado em dezembro de 2022.
Considerando a média dos últimos três anos, o volume investido cresceu 32% ao ano entre essa categoria de investidores. O aumento ficou, proporcionalmente, maior do que o do CDB, produto de renda fixa mais popular entre as pessoas físicas. O CDB cresceu 16% em média ao ano no mesmo período.
Além do valor investido, conforme os dados da B3, também houve uma alta no número de investidores. No último ano, a alta foi de 28% em debêntures ante 12% de aumento de pessoas físicas em CDBs. A variação média dos últimos três anos também foi maior, de 28% nos títulos de dívida contra 17% na aplicação bancária.
A especialista em Comportamento Financeiro e criadora do Dinheiro com Atitude, Ana Leoni, explica que as debêntures vêm se desenvolvendo muito nos últimos tempos.
“Hoje, as empresas usam esse instrumento de financiamento para captar recursos e financiar projetos de expansão e de investimentos. Como se tem bastante oferta, acaba-se tendo, também, uma atração maior de taxas para os clientes. É um instrumento importante e que, hoje, o brasileiro tem considerado na sua diversificação de investimentos“, diz.
Debêntures podem gerar mais rentabilidade
O advogado especialista em Direito Empresarial e em Direito Societário pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e em Mercado Financeiro de Capitais pela Saint Paul, associado na área de Mercado de Capitais do Barcellos Tucunduva Advogados, Bruno Zanardi, explica que as debêntures são títulos de dívidas emitidos por companhias (S/A), em geral, para execução de projetos específicos, oferecendo juros futuros, com prazos e demais condições que variam conforme cada emissão.
“Como o perfil do investidor brasileiro vem se sofisticando nos últimos anos, a busca por produtos com maior rentabilidade, ainda que suportando riscos um pouco maiores, vem aumentando. Assim, a procura por estes títulos pelo investidor vem aumentando”, observa.
Ainda conforme Zanardi, apesar de não contar com um órgão que assegure ou indenize o pagamento, como no caso do CDB, as debêntures são uma alternativa de investimento em renda fixa que servem a qualquer perfil, do investidor mais conservador ao mais arrojado, pela possibilidade de diversificar a carteira de investimentos e ter acesso a melhores remunerações.
“A depender do tipo de debênture, a emissão ainda pode contar com isenção de Imposto de Renda, o que potencializa ainda mais a busca”, ressalta Zanardi.
Juros
De acordo com o sócio na iHUB Investimentos, Lucas Sharau, a queda das taxas de juros é um dos fatores que estimulam os aportes nas debêntures. Além disso, há ainda a possibilidade de negociação no mercado secundário, o que não acontece com os CDBs.
“A debênture, apesar do risco de crédito existir, é um título que se negocia no secundário. A negociação se assemelha com a de uma ação, é um contrato de dívida padronizado. Devido ao momento de mercado, com expectativas de corte de juros, as debêntures acabam sendo um bom veículo para que o investidor desfrute do momento econômico”, diz.
Ainda conforme Sharua, contribuiu para o crescimento da demanda pelas debêntures o fato de 2023 ter sido um ano em que houve uma emissão muito grande de novas dívidas. “Além disso, as instituições financeiras facilitaram o acesso do investidor pessoa física nas negociações no mercado secundário”, ressalta.