Com custo a partir de R$ 2,90, seguro para Pix exige cuidado na contratação

Recentemente, o PicPay lançou um seguro para proteger o Pix realizado com outros bancos conectados via Open Finance. As mensalidades de seguros que oferecem cobertura ao Pix custam a partir de R$ 2,90. Apesar do valor considerado baixo, especialistas recomendam pontos de atenção no momento da contratação.

O Pix foi o meio de pagamento mais utilizado em 2022, somando 24,1 bilhões de operações ao longo do ano passado. Embora os números reforcem a relevância do Pix para o funcionamento da economia nacional, por outro lado, criminosos têm aproveitado o crescimento no uso de soluções digitais pela população para aplicar golpes.

Em meio a este cenário, Alceu Neto, gerente de produtos Ágilli, explica que o objetivo das instituições financeiras com esta modalidade de seguro é proporcionar ao cliente uma segurança adicional em caso de imprevistos com dispositivos móveis.

Mas Marilyn Hahn, CRO do Bankly, destaca que, apesar de ser uma camada a mais de segurança, a cobertura do seguro para Pix é específica e não cobre golpes ou casos de engenharia social, que são muito recorrentes.

“Então, antes de contratar a solução, vale a pena se atentar à cobertura do seguro ofertado e se ela atende às suas necessidades”, recomenda Hahn.

Seguro do Pix: cuidados antes de contratar
Luiz Felipe Attié, advogado especialista em meios de pagamento e fintechs do Barcellos Tucunduva Advogados, recomenda que, no momento da contratação, é importante verificar quais as situações abrangidas pelo seguro, as condições para a reivindicação e o valor total da cobertura.

Hahn também faz alertas. Segundo a CRO do Bankly, é preciso se atentar também em relação à carência do seguro, franquia, prazo de reembolso, entre outros fatores.

“Como qualquer outro tipo de seguro, os seguros para Pix possuem diversas condições de cobertura. Então, é importante estar ciente de todas elas antes de contratar”.

MARILYN HAHN, CRO DO BANKLY.
Neto diz que o seguro Pix é recomendado para todas as pessoas que utilizam aplicativos de banco em celulares ou internet banking em computadores. Segundo ele, o cliente que vai contratar um seguro de proteção deve levar em conta o seu perfil de movimentação na conta, bem como os limites concedidos pelo banco.

Custo baixo
Segundo levantamento feito pelo InvestNews com oito instituições que oferecem o seguro para o Pix, os valores da mensalidade começam a partir de R$ 2,90, com variações nas coberturas, carência, vigência e prazo de reembolso.

Neto, gerente de produtos Ágilli, explica que o custo do seguro é determinado a partir do valor da cobertura contratada e pode variar muito de banco para banco. O gerente de produtos da ValeCard aponta que, para se chegar ao preço final, as seguradoras dispõe de uma equipe de atuários especializada em precificação.
Entre as principais variáveis da contratação que podem impactar o custo do seguro, estão, segundo Attié:

  • Valor assegurado;
  • Situações acobertadas;
  • Condições a serem cumpridas para a reivindicação da cobertura, no caso de sinistro.
  • O custo baixo, segundo o advogado especialista em meios de pagamento e fintechs, estaria atrelado a situações envolvendo transações com valores inferiores, além do fato de o Pix já ser utilizado com ferramentas de autenticação seguras, o que baixa o risco de eventuais incidentes.

Marilyn Hahn, CRO do Bankly, diz que ainda é cedo para afirmar o motivo de valores acessíveis ao seguro, já que o seguro para Pix é algo novo. Hahn destaca, no entanto, que o baixo custo para o segurado pode significar que a sinistralidade também é baixa, principalmente por ser algo específico.

Seguro do Pix: importância para bancos
Na avaliação de Attiê, a oferta do seguro é mais uma iniciativa das instituições e seus conglomerados para aprimorar a experiência dos usuários e garantir cada vez mais segurança às situações extraordinárias vivenciadas por quem utiliza o Pix muitas vezes fora do ambiente bancário, em situações de coação e crimes.

Hahn explica que trata-se de uma nova opção de produto para os correntistas que também é uma forma das instituições monetizarem o Pix, já que, atualmente, não tem custo para pessoas físicas.

O Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4), C6 Bank, Nubank (NUBR33), Santander Brasil (SANB11) estão entre as instituições que já oferecem de alguma forma este serviço aos seus clientes, segundo levantamento feito pelo InvestNews. Confira:

Instituição Cobertura Valor da cobertura Carência Vigência Prazo de reembolso Mensalidade
Bradesco Proteção em caso de transações indevidas, realizadas por terceiros,
em situações como perda, furto simpes, furto qualificado ou roubo do
dispositivo móvel e/ou coação sofrida pelo segurado.
De R$ 1 mil a R$ 40 mil Não tem 5 anos 30 dias De 9,90 a R$ 15,90
PicPay Transferências, transações via PicPay Card, cartão de outras
instituições no aplicativo, Pix e “cyber”.
Até R$ 5 mil Não tem Anual Até 5 dias, após
aprovação
A partir de R$ 5,60
Santander Coação ou transferência a partir de sua conta corrente no Santander,
respeitando um período de carência.
Até R$ 50 mil 30 dias 10 dias, em média De R$ 6,50 a R$ 32,04
Banco do Brasil Perdas materiais e financeiras decorrentes de roubo de bens pessoais
e transações bancárias criminosas, oferecendo proteção contra roubos
após saques em caixas eletrônicos e transações realizadas sob
coação física, como saque, compras, transferências e Pix.
Não há valor fixo
predefinido
Não tem Definida em
contrato
Até 30 dias Não informado
C6 Bank Prejuízos decorrentes de transações via Pix
e saques feitos sob ameaça, coação ou sequestro
De R$ 250 a R$ 20 mil por
cobertura, com teto total
de R$ 60 mil na soma das
coberturas
Não tem Anual Até 30 dias De R$ 4 a R$ 7, a depender do plano
Nubank Por meio do Nubank Celular Seguro: furto simples
e qualificado ou roubo, dano acidental, e cobertura
completa, que inclui furto simples, qualificado, roubo
e dano acidental
Valor da
transação, com
limite de R$ 5 mil
30 dias 12 meses 2 dias úteis após
aprovação do pedido
Varia de acordo com o modelo do aparelho
celular e cobertura escolhida
Itaú Transações indevidas via Pix, DOC, TED e TEF realizadas pelo site e aplicativo do banco
em situações de sequestro do segurado
Entre R$ 10 mil e R$ 50 mil,
dependendo do segmento
do cliente.
Não informado Não informado Não informado A partir de R$ 2,90
Banco Inter Transações sob coação ou violência e transações indevidas com o celular roubado
ou furtado
De R$ 2 mil ou até R$ 5 mil,
a depender da modalidade
do seguro
48h após
início da vigência
Até 12 meses Até 30 dias Duas modalidades, de R$ 3,50 e de R$ 8

 

 

Como proceder para garantir a cobertura?

Caso ocorra algum imprevisto e a pessoa tenha o seguro de proteção para o Pix, Neto recomenda que uma das atitudes a se tomar é registrar um boletim de ocorrência e comunicar o sinistro à seguradora.

Como próximo passo, segundo o gerente de produtos da ValeCard, será solicitado pela seguradora o envio de documentos, como boletim de ocorrência, extrato de conta corrente e comprovante das transações indevidas que foram efetuadas.

A partir daí, os documentos são avaliados para dar prosseguimento aos demais trâmites exigidos pelos seguros.

Pix: cada vez mais popular

Lançado em novembro de 2020, o Pix tem se tornado cada vez mais popular. Segundo dados mais recentes do Banco Central, por dois dias seguidos, o volume diário de transações feitas pelo Pix bateu recorde. Em 6 de julho, foram registradas 129,4 milhões de transações. Um dia depois, o número de transações saltou para 134,8 milhões. Alcançado em 7 de junho, o recorde anterior era de 124,7 milhões de transações.

Segundo o Banco Central, em junho de 2023, eram mais de 150 milhões de usuários cadastrados, mais de 427 milhões de contas, com mais de 3 bilhões de transações, movimentando mais de R$ 3 trilhões.

 

Fonte: InvestNews