Hoje (15/12) é comemorado o Dia da Advogada. Em comemoração a data, entrevistamos nossa sócia Luciana Reis do Rosário Pires.
1.Por que é importante ter mais mulheres atuando no direito?
Há cerca de uns 25 anos já observamos a presença feminina empatada ou ligeiramente superior à masculina nos bancos universitários. Pesquisas mostram uma proporção de 51% de mulheres, frente a 49% de homens. O direito é um ramo que exige estudo e dedicação, atributos que podem ser atendidos por todos.
A visão feminina tende a agregar valor estratégico nas discussões que ocorrem no âmbito empresarial, um universo ainda predominantemente masculino. Ao representarmos pessoas físicas, uma advogada mulher atuando passa a mensagem de representatividade e diversidade.
2.O que falta para as advogadas estarem em cargos de liderança nos escritórios de advocacia?
A presença feminina já é uma realidade na profissão. Porém, as oportunidades para liderança estão longe de serem equivalentes entre homens e mulheres. Falta a compreensão de que a liderança não precisa ser uniforme e ter as mesmas características. Entender que perfis diversos de liderança e comportamentais agregam valor aos escritórios. Não se deve exigir que mulheres tenham comportamentos “masculinizados” para serem vistas como líderes em potencial. Falta derrubar a visão machista de que a maternidade impacta na competência feminina, de que filhos são obrigação exclusiva das mulheres, quando basta oferecer flexibilidade e as mães conseguirão gerir as demandas dos filhos e a profissão. Faltam os homens enxergarem as mulheres como pares: não como intrusas no ambiente tido como masculino – ou melhor, falta entender que o ambiente de liderança não deve ser masculino ou feminino, e sim diverso, com perfis e características complementares.
3.E o que o escritório ganha ao investir em uma liderança feminina?
O escritório ganha representatividade, diversidade de visões e opiniões. Amplia as possibilidades de compreensão das necessidades dos clientes com uma visão mais holística e completa, podendo construir melhores estratégias e soluções para as demandas.
4.Qual o papel da mulher na transformação do mercado jurídico?
O mercado jurídico ainda é visto como um ambiente elitista, masculino, agressivo. O aumento da participação feminina abre caminhos para a diversidade e inclusão de gênero e raça.
A combatividade para a defesa dos clientes não precisa ser agressiva. O papel do direito está intrinsicamente relacionado com a sociedade. Não podemos ter um mundo jurídico descolado do mundo real. A sociedade é diversa. Os direitos a serem representados são diversos. O mercado jurídico não pode ser “uniforme’, fechado em um único perfil.
A mulher advogada tem um papel importante para a aproximação do mercado jurídico com a sociedade.
5.Myrthes Gomes é uma referência para as advogadas em todo país. Quais outras advogadas são referência para você e podem servir como exemplo a outras mulheres que desejam ingressar no direito?
São tantas amigas e colegas com quem trabalhei que eu corro um grande risco de esquecer alguém ao tentar nominá-las. Grandes professoras e muitas mulheres incríveis que me inspiraram e me inspiram. A presença da Cármen Lúcia e Rosa Weber no STF é uma grande referência. As minhas sócias Rachel Tucunduva e Karin Klempp Franco são referências diárias e inspiração.
Pessoalmente, não posso deixar de citar minha maior referência: minha sogra, Sylvia Steiner, juíza aposentada do Tribunal Penal Internacional, desembargadora aposentada do TRF 3ª região, que começou sua vida como advogada, foi procuradora federal, para então ingressar para a magistratura. Um grande exemplo de uma mulher brilhante, forte, que criou filhos e ascendeu na carreira graças à sua competência e dedicação.